Luz azul destrói bactérias resistentes a antibióticos

Fototerapia
 
Uma simples luz azul, aplicada durante meia hora, pode erradicar seletivamente infecções causadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa da pele e de tecidos moles do corpo humano. A fototerapia, ao mesmo tempo, preserva a camada mais externa da pele. "A luz azul é uma abordagem não-tóxica e não-antibiótica para o tratamento de infecções da pele e dos tecidos moles, especialmente aquelas causadas por patógenos resistentes a antibióticos," disse o principal autor da pesquisa, Dr. Michael R. Hamblin, do Hospital Geral de Massachusetts (EUA). No estudo, cobaias sofreram queimaduras, que foram infectadas com a P. aeruginosa, uma das principais "superbactérias", microrganismos que estão desenvolvendo resistência aos antibióticos. Todos os animais no grupo tratado com luz azul sobreviveram, enquanto que, no grupo de controle, 82% dos animais morreram em decorrência da infecção.
 
Terapias fotodinâmicas
 
Os tratamentos com luz, ou terapias fotodinâmicas, normalmente usam uma combinação de luz mais um fotossensibilizador - o fotossensibilizador é inserido no organismo e ativado pela luz. Mas, para o tratamento de infecções, essa abordagem dupla não é conveniente porque é muito difícil introduzir os fotossensibilizadores nas bactérias. Por isso, o Dr. Hamblin decidiu desenvolver uma abordagem usando unicamente a luz. Segundo ele, a luz azul produz muito menos danos às células do que a irradiação com ultravioleta, e outros estudos já mostraram seus bons efeitos no tratamento da acne. Mas não havia ainda estudos que analisassem o uso da terapia da luz azul in vivo. A luz usada para tratar os animais foi produzida por um conjunto de LEDs azuis disponíveis no comércio - as cobaias receberam uma única aplicação da luz azul, durante 30 minutos, com uma potência de 14,6 mW/cm2.
 
Infecções da pele
 
Infecções da pele e dos tecidos moles são o segundo tipo mais comum de infecção bacteriana encontrada na prática clínica, e o tipo mais comum de infecção adquirida por pacientes que passam por unidades de atendimento de emergência. A prevalência de infecções da pele e dos tecidos moles em pacientes hospitalizados é de 10%. Apesar disso, o tratamento desse tipo de infecção tem sido significativamente afetada pela explosão de resistência aos antibióticos.
 
"Recentemente, uma nova enzima perigosa, a NDM-1, que faz com que algumas bactérias tornem-se resistentes a quase todos os antibióticos disponíveis, foi encontrada nos Estados Unidos. Muitos médicos estão preocupados que várias infecções logo poderão se tornar intratáveis," disse Hamblin. Por isso o pesquisador aposta em tratamentos alternativos, como na terapia fotodinâmica, que já vem sendo usada para tratamentos tão diversos quanto micose de unha, infecções odontológicas e câncer de pele.
 
O estudo foi publicado na revista científica Antimicrobial Agents and Chemotherapy.
 

Sem comentários: